terça-feira, 27 de março de 2012

HISTÓRIA DOS RAIMUNDOS

A história da banda começa em Brasília mais ou menos em 1987. Nesta época, os vizinhos Rodolfo (voz e guitarra) e Digão (bateria) passaram a se reunir para jogar conversa fora e tocar as músicas de seu grupo favorito - os Ramones. "O nosso amplificador era tão ruim que ficava igual" lembra-se Rodolfo. Digão era influenciado por um som pessado e meio hardcore, principalmente pelo o grupo Dead Kennedys. "Bedtime For Democracy" sendo o seu album favorito. Mas que banda de rock não tem um baixista?!?!?
Rodolfo decidiu chamar Henrique Canisso para tocar com eles. Os dois achavam que ele iria dar um bom visual para banda. Com a entrada de Canisso na banda, o negócio começou a ficar um pouco mais sério e as primeiras composições começaram a surgir. A coisa continuou assim, aos "trancos", por cerca de três anos. 
Foi no reveillon de 1988, na casa do amigo Gabriel que os Raimundos tiveram a chance de tocar pela primeira vez, em frente de um pequeno publico. O Fred era umas das pessoas na plateia que assistia aquele show "arretado". "Eu lembro que eles tocaram covers de bandas que eu gostava muito naquela época, além de músicas próprias com letras interessantes" diz Fred no video da Cesta Básica. "Já era 'forró-core' na época. A gente tocava uma música nossa, uma do Zenilton (o forrozeiro pernambucano favorito deles) e um monte dos Ramones" diz Rodolfo. O som nordestino, mais presente no primeiro disco dos Raimundos, é algo muito antigo. "Minha família é da Paraíba, e eu me lembro que desde os dez anos, eu sempre ia naqueles churrascos com os meus pais. Tocava forró o tempo inteiro, e eu achava aquilo um saco. Só gostava das músicas do Zenilton, por causa das letras sacanas, achava aquilo muito fera", explica Rodolfo numa entrevista da Showbizz. "O pai do Rodolfo usava um disco do Zenilton para abanar o churrasco", explica Canisso. "Foi apartir das músicas dele que a gente começou a fazer essas misturas. A próxima atuação da banda foi sua divulgação - faziam shows em pequenos bares em Brasília, e também tocavam em festas. "Existia um estigma em Brasília, sempre que tinha uma festa e os Raimundos iam tocar, a festa lotava" explica Fred. As coisas ficaram assim, meio incerta, por dois anos - até a separação. Em 1990 quando as coisas estavam engrenando, eles resolveram parar por um tempo. Cada um foi cuidar da sua vida. Canisso foi estudar Direito (Universidade de Brasília) e virou pai, Digão resolveu abandonar as baquetas (devido a problemas auditivos - estava ficando surdo) e se dedicar à guitarra, deixando Rodolfo livre para ser o vocal em uma banda chamada 'Royal Straight Flesh'. Foram todos procurar empregos. "A separação nos fez bem. Todos crescemos muito e chegamos à conclusão de que queríamos ser músicos mesmo", afirma Digão. "Foi ficando uma merda tão grande que a gente não aguentou e parou", diz Rodolfo. Nessa época, (1989/90) o lance em Brasília era heavy metal. Eles tentaram chegar nesse potencial, mas não conseguiram. 
Em 1992 surgiu um convite para tocar em um bar de Goiânia e todos gostaram muito da idéia. Porém, como a banda não tinha mais baterista (Digão agora era guitarrista , deixando Rodolfo livre para os vocais). Nas baquetas, uma bateria eletrônica, chamada carinhosamente de “Verônica”. Fazer shows com aquilo não era tão fácil. "Arrumaram um show pra gente em Goiânia. Levamos tudo preparado na eletrônica, pois a mesma batida dava pra todas as músicas dos Ramones. Só que por um problema de impedância , o negócio tocou tudo diferente", explica Canisso.
Um pouco depois de tudo isso (ainda em 1992), Fred foi chamado para ser parte da banda. "O Fred entrou na banda e logo se adaptou. Tirou todas as músicas na bateria, começamos a fazer shows, no ano seguinte já gravamos a demo, e estamos nessa correria até hoje", conta Rodolfo. A fita demo do grupo gravada em 1993, levou o mesmo nome da banda, e continha quatro músicas: "Nêga Jurema", "Marujo", "Palhas do Coqueiro" e "Sanidade" - esta última regravada no CD “Éramos 4”, de 2001. E como qualquer banda, eles começaram a ser divulgados.
Uma dessas fitas demo, foi parar nas mãos dos Titãs que acabaram convidando os Raimundos para abrir alguns shows no Rio de Janeiro. Com isso, fãs e a atenção das grandes gravadoras começaram a aparecer e cada vez aumentando. Os Raimundos chegaram a abrir shows para o Camisa de Vênus (que sempre foi uma grande influência para a banda) e Ratos de Porão no Circo Voador. O número de fãs foi aumentando rapidamente. Foi no festival Junta Tribo, realizado pelo fanzine Broken Strings na Unicamp (Universidade de Campinas) que a banda começou realmente a chamar atenção. Durante três dias, cinco mil pessoas e dezessete bandas independentes se reuniram para gastarem todas suas energias. "O engraçado é que eu mesmo liguei pedindo pra gente tocar", conta Fred. "Nosso nome não estava nem no cartaz" . A partir desse show, um muito sagrado para a banda, pessoas do Brasil inteiro ficaram encantado com esse novo som safado! Só quando os Titãs tiveram a abençoada idéia de criar seu próprio selo, o Banguela, é que os Raimundos "cederam". Outras gravadoras também tinham feito várias ofertas, mas a maioria exigia que a banda "diminuísse" a intensidade do som e "suavizasse" as letras. Nada que agradasse eles. "Várias delas nos procuraram querendo mexer no nosso som, censurar as letras e diminuir a intensidade. Podíamos estar agora cheios da grana e infelizes, mas preferimos recusar as propostas". O jornalista e radialista brasiliense Carlos Marcelo, tendo uma cópia da fita demo em mãos, entrou em contato com um amigo jornalista da revista musical Bizz, ninguém menos que o Carlos Eduardo Miranda, que conta: "Eu escutei aquela fita e já entrei em contato com os caras , falei pro Fred vir para São Paulo, que a gente precisava conversar, pois já existia alguns planos sobre o selo Banguela, mas nada estava certo ainda. Então a gente se encontrou, já ficamos amigos". Foi assim, após um acidente com Fred (ele se jogou do palco no último show com os Titãs e abriu um racho gigantesco na cabeça) que a banda finalmente começou a gravar seu primeiro disco. A partir daí a banda passa a morar em São Paulo, já que nenhuma gravadora teria condições de ficar bancando as viagens para Brasília. No início eles ficaram hospedados na casa do Carlos Eduardo Miranda, onde tiveram que dormir no chão. Mas não por muito tempo.
O disco de estréia, lançado em Maio 1994, com o titulo "Raimundos", foi gravado no estúdio Be Bop em São Paulo e produzido por Carlos Eduardo Miranda (o diretor artístico do selo Banguela). Esse primeiro disco trazia o som que se transformaria em marca registrada do grupo: o "forrócore". Rock pesado, quase hardcore, agregado a ritmos nordestinos como forró e baião, servia de pano de fundo para letras bem humoradas, com muito sexo e escatologia. O álbum Raimundos trazia músicas como ‘Puteiro em João Pessoa’ sobre a iniciação sexual de um menino com uma prostituta, ‘Minha Cunhada’, Bê-a-bá’, ‘Nêga Jurema’ e ‘Bicharada’. Mas o hit do disco, já em 1995, foi ‘Selim’, uma música que lembrava o som de outro grupo de sucesso da época, os Mamonas Assassinas. Os Raimundos repudiaram o sucesso de Selim, a faixa mais leve do disco. "No começo, pensamos que nossa música não era tocada nas rádios por causa dos palavrões", diria Canisso. "Ai veio Selim, que é a música mais nojenta do mundo e, porque é brega, todo mundo toca." 
O hit puxou as vendagens do álbum, que chegou a mais de 250 mil cópias vendidas. Raimundos foram os primeiros a conseguir vender tantas cópias no selo independente Banguela em poucas semanas (foram 120 mil). Na imprensa, os Raimundos se defendiam dos que reclamavam das letras explícitas: "Muitos grupos chulos usam palavrão para ofender", diria Canisso. "Para nós, eles entram porque fazem parte da história." Também rejeitaram as comparações com os Mamonas Assassinas. "Eles fazem do trabalho uma grande piada", diria Digão. "Nós apenas escrevemos algumas canções com bom humor". E não demorou muito para conseguir o primeiro lugar nas FMs. As letras irreverentes como "Selim" e "Puteiro em João Pessoa" (as mais tocadas), enfrentaram problemas com a censura. Na cidade de Santo Ângelo, no Rio Grande do Sul, certas palavras chegaram a ser proibidas de ser executadas e eram substituídas por um "bip". Em 1992, no primeiro ano em que a banda saiu em busca de sucesso, rodaram mais de 30 mil quilômetros pelo Brasil e chegaram a realizar cerca de 60 shows, em apenas sete meses. Foi com a música "Nega Jurema" que surgiu o primeiro vídeo clipe, direcionado por Eduardo Bellmonte. Apesar do clipe está meio tosco, devido a pedidos do público, o clipe participou da escolha da audiência na MTV, para representar o Brasil nos Estados Unidos. Infelizmente, perdeu para o Sepultura, com o clipe de "Territory" (em 1997, no MTV Music Video Awards, os Raimundos perderam de novo para o Sepultura na categoria de melhor clipe de Rock). O resto do ano foi basicamente muita correria: teve o M2000 festival (um show bem importante para banda), Philips Monsters of Rock realizado em São Paulo, a banda participou da turnê Acid Chaos (bandas como Sepultura e Ramones), etc...

A popularidade da banda cresceu com o lançamento do segundo disco Lavô Tá Novo, pela Warner, em Novembro de 1995. O álbum é produzido pelo o americano Mark Dearnley, que já trabalhou com grandes nomes do heavy metal e do hard rock como AC/DC, Black Sabbath e Def Leppard. As letras são de baixo calão, populares e com um som pesado para adolescente nenhum botar defeito. A exemplo dos Mamonas Assassinas, que vieram na trilha aberta pelo primeiro CD dos Raimundos, o grupo tira inspiração para seus "poemas" de temas brasileiros, como uma versão trash para o clássico popular "Esporei na Manivela" que contém humor de vestiário de adolescentes.
Havia, porém, uma diferença. O som da banda estava mais pesado, com menos destaques para os ritmos nordestinos. "Sempre nos consideramos uma banda de rock", diria Fred, comentando o trabalho. "A maioria das pessoas que curtem a gente gosta de música pesada", completa Rodolfo. Guitarras distorcidas davam o tom em Pintando no Kombão, Esporrei na Manivela e Eu Quero Ver o Oco. Mesmo assim, o maior sucesso em rádio seria uma música mais lenta: I Saw You Saying. O peso ficaria mais presente em duas apresentações em 1996. Chegaram a estar na capa da revista Bizz (atualmente Showbizz) ganhando o "Prêmio Bizz 94", participa do Primeiro Video Music Awards Brasil, participa de seu primeiro Estúdio ao Vivo na rádio Transamérica etc... Segundo Digão, o som do segundo disco continuava o mesmo: "A gente tomou um banho, colocou um perfuminho, escovou os dentes, mas o cheiro continua idêntico." 

Em janeiro de 1996, eles tocaram no Hollywood Rock, na mesma noite de Urge Overkill e Jimmy Page & Robert Plant. Em março de 1996, os Raimundos tiveram a oportunidade de ir tocar em Granada, num festival chamado Esparrago, um dos mais tradicionais festivais alternativos da Espanha. Eram cinco dias, sendo que mais importante era um showcase para a imprensa em Madri e o festival Esparrago; e é claro, umas meia dúzias de entrevistinhas. Foram três dias de shows. 
Os Raimundos também chegaram a se apresentar no programa "Xuxa Hits" da rede Globo. Começaram com I Saw You Saying e chegaram a tocar até Ilariê. Mas a consagração mesmo veio na terceira edição do Monsters of Rock, em agosto. "No show do Hollywood Rock, a moçada era menininhas, surfistas, playboys", diria Rodolfo. "No Monsters, a galera era animal." O público do Monsters of Rock cantou de ponta a ponta todas as músicas dos Raimundos, a única banda brasileira no festival, que reuniu 40 mil pessoas no Pacaembú. O evento teria ainda a presença de Iron Maiden e Motorhead, entre outros. No mesmo ano, participam de vários programas na MTV, festivais, apresentações, etc...
Depois de vender mais de 480 mil cópias de Lavó Tá Novo, os Raimundos lançam Cesta Básica, gravado pela Warner (o segundo pela mesma gravadora), um CD de vinte nove minutos de ótimo som com músicas inéditas como "A Sua", "Papeau Nury Doe", e "Infeliz Natal", composta há quase dez anos, quando o guitarrista Digão fazia parte da banda punk Filhos de Menguele, faixas ao vivo de Bê-a-Bá, Palhas do Coqueiro, Cajueiro/Rio das Pedras e Esporrei na Manivela, remixes de Puteiro em João Pessoa e alguns covers muinto especiais. Entre eles, Merry Christmas (Ramones) e Bodies (Sex Pistols). 
Todas as duas foram músicas escolhida pela a banda porque são músicas que eles gostam. Ia também ter How Will I Laugh Tomorrow, da banda Suicidal Tendencies, mas Rodolfo explica que quando tentaram tocar ficou uma merda. Os fãs puderam comprar o álbum separadamente, ou então como parte de um pacote apenas os primeiros oito mil CDs fabricados fazem parte de uma edição limitada em formato de caixa que inclui ainda um vídeo com bastidores de 48 minutos idealizado, filmado e editado por Canisso, clipes e cenas de shows, e uma safada revistinha chamada Puteiro em João Pessoa, criado pelo cartunista Angeli. 
Era só questão de tempo para que os membros da banda, Rodolfo, Digão, Canisso e Fred, virassem personagens de revista em quadrinhos. Angeli, fã e ao mesmo tempo, ídolo da banda, transformou a garotada em personagem em quadrinhos. Angeli, famoso pela extinta revista "Chiclete Com Banana" e o pai de personagens hilariantes como Bob Cuspe, Rê- Barbosa e Os Escrotinhos. Rodolfo, como o adolescente virgem, está impagável. Segundo Fred, o conjunto completo servia como uma apresentação para novos fãs: "Queríamos reunir todo o material dos Raimundos em um só pacote. Cesta Básica é para aquele público que começou a gostar do grupo depois do segundo disco".

Os Raimundos ficaram desde maio até agosto de 1997 em Los Angeles gravando e mixando o terceiro disco chamado "Lapadas do Povo". "Cesta Básica" não é um disco de carreira - explica o baterista Fred. Fred também explica a origem da foto que ilustra a capa de "Lapadas do Povo", com o reflexo de uma van na traseira de um caminhão inflamável. - Esse é um disco explosivo (fala com risos). 
A foto foi tirada daquela van numa auto-estrada californiana por um roadie da gente. As três placas do tal caminhão se referem as datas do início e fim das gravações do trabalho - 01/06 e 04/08. A banda armou sua barraca sob o sol Californiano durante dois meses. Esse disco chegou nas lojas no dia 23 de outubro de 1997. A produção desse disco foi novamente com o produtor yankee Mark Dearnley, o mesmo de "Lavô Tá Novo". Desta vez no estúdio Sound City, onde se pôde encontrar bandas como Nirvana, Rage Against The Machine, Red Hot Chili Peppers e vários outros incluindo os Raimundos. O material do novo projeto é mais pesado, com mais arranjos e menos palavras de duplo sentido. O grupo voou para Los Angeles com apenas quatro das 13 composições do CD - além de uma faixa bônus - finalizadas. O novo disco trouxe letras repletas de bem sacados jogos de palavras como "Andar na Pedra", "Nariz de Doze" e "Ui, Ui, Ui". Também de novidade, a canção "Baile Funk" alfineta aspectos da distorção social. "É na igreja que o povo esvazia as bolsas/ A justiça não me olha porque é cega/ Eu falei que o ladrão que rouba mesmo é bem vestido e eu vi de monte" é um trecho das letras de Rodolfo. Os rapazes fizeram até uma canção para o baxista Canisso. Que amizade! Por sugestão do Mark Dearnely, eles gravaram "Oliver's army" (Elvis Costello) e ainda pegaram uma antiga versão de "Ramona", dos Ramones, batizada da "Pequena Raimunda". Desta vez, muito das letras foram compostas por Digão e Rodolfo. Todos estavam loucos para voltar a fazer shows.
Santos/SP, madrugada do dia 8 de novembro e o Raimundos iniciava a turnê do álbum "Lapadas do Povo" no Clube de Regatas Santista. Horas depois, a cidade talismã do grupo viraria palco de horror. O púplico, estimado em 4 mil e 500 pessoas, se espremeu diante da única saída do local, resultando em pisoteamentos e na quebra dos corrimões laterais. Saldo: 8 mortos e mais de 50 feridos. Foi a maior tragédia da história de shows no Brasil. Ganha da lendária apresentação do Legião Urbana em Brasília e tem mais vítimas que shows do Ramones, Sepultura e Midnight Oil juntos.
A abertura do show ficou por conta do grupo baiano Catapulta. Eles entraram por volta das 23h30 e esquentaram a platéia para o Raimundos - que começaram a tocar à 1h30 da manhã. Canisso, Digão, Fred e Rodolfo afirmam que foi um dos melhores shows que eles deram na vida. A apresentação terminou às 2h50, com "Eu Quero Ver O Oco". Foi então que a tragédia se desenhou. O público se dirigiu à única saída disponível do local. A aglomeração deu espaço a um violento empurra-empurra. Quem tropeçava era pisoteado pela multidão. Para piorar, um fio elétrico localizado na entrada do ginásio se soltou e começou a dar choque no pessoal que saía. Sobreviventes descrevem a cena como "o movimento de uma onda". Houve quem desse mosh em cima do povo que se espremia, pensando se tratar de alguma brincadeira. O número de pessoas sufocadas era tanto que os dois corrimões laterais cederam. "Acho que foi a salvação de muita gente. Senão haveria muito mais acidentados", aposta o delegado Rossi. Por outro lado, o corrimão selou o destino de outros adolescentes.
Os fãs do Raimundos que ficaram no local - e que em nenhum momento foram informados de uma saída alternativa - se desesperaram e tentaram arrombar as outras portas restantes com chutes. Só então foram abertos outros quatro portões, inclusive o reservado à saída de artistas. O grupo Raimundos soube do acidente ainda no Regatas. Digão sentou na escada e começou a chorar. "A gente chegou a ligar do hotel para o pronto socorro", emociona-se o guitarrista.
No dia 10, o grupo deu uma entrevista coletiva na sede da WEA em São Paulo. Visivelmente emocionados, eles cancelaram os 14 shows restantes da turnê. "Este ano não tem mais show do Raimundos. A gente esta consternado porque nos consideramos a continuação do público em cima do palco. Perdemos 7 irmãos", diz Rodolfo (a oitava vítima faleceu após a entrevista). Para Digão, a desgraça causou o mesmo impacto da perda do irmão mais velho, morto num desastre de moto. Em cartas e e-mails enviados à redação de Showbizz, pessoas que estiveram no show do Raimundos em Santos eximem o grupo de qualquer culpa. O mesmo comportamento foi dotado pelas mães dos adolescentes - muitas delas perderam os filhos no local.
Com isso se finaliza a turnê do "Lapadas do Povo", e a banda começa a planejar e a traçar os preparativos para o novo álbum. Em mente, tinham apenas a certeza que o melhor seria que o álbum fosse todo gravado no Brasil, com a participação ou presença de vários amigos, pois só assim conseguiriam retornar ao verdadeiro estilo da banda, e sobretudo fazer um álbum alegre, pra cima. A fase de pré-produção rolava na casa do Canisso e na do Rodolfo, com um clima de amizade muito grande. E foram nesses primeiros encontros que nasceu a primeira música no novo álbum, a baladinha "A Mais Pedida". Segundo a banda, foi logo de cara que eles botaram pra fora a mágoa que estavam sentindo em relação à cena musical na época.
A banda jamais declarou ser contra qualquer estilo de música, mas naquela época o rock estava sem espaço, as rádios e programas de TV só exibiam axé e pagode, enquanto os shows da banda em vários locais eram censurados por juízes proibindo a entrada de menores, shows como o do grupo É o Tchan e Companhia do Pagode não tinham censura nenhuma, sendo que a taxa de erotismo era absurdamente maior. Portanto, tudo o que a banda queria neste projeto era reconquistar o espaço do rock na mídia.

A banda entra definitavamente em estúdio para gravar o novo álbum. Entraram no AR Studio, na Barra da Tijuca (RJ), e recrutaram os produtores Tom Capone (conhecido músico e produtor nacional e amigo de infância dos caras) e Carlos Eduardo Miranda, o mesmo produtor responsável pelo primeiro álbum da banda. O desafio deles era gravar um álbum onde o grupo retomasse a sua identidade, de certa forma quase perdida no “Lapadas do Povo”, mas que ao mesmo tempo não fosse um regresso. Em um clima super tranquilo e com bastante entrosamento, as gravações do álbum se desenrolaram. Nos intervalos muito surf e outros esportes. As participações ocorreram tranquilamente, algumas sequer planejadas.
No final do mês de maio chega às lojas o tão aguardado novo CD da banda, chamado Só no Forévis, o nome é ironia a uma fala de Mussum dos Trapalhões. A música “Mulher de Fases” já estava estourada nas rádios e o clipe em rotação extrema na MTV, garantindo à banda dois prêmios na festa Video Music Brasil, promovida pela Emissora – Melhor Clipe de Rock e Escolha da Audiência, o principal prêmio da festa e maior prova da popularidade da banda. Em seguida estréia o clipe de “A Mais Pedida”, que também recebeu muitos elogios e uma boa aceitação do público. A terceira música de trabalho do “Só no Forevis” foi “Me Lambe”, escolhida pela banda para ser a música do verão 99/2000.
O disco vendeu mais de 800 mil cópias do álbum vendidas, batendo todos os anteriores, e a maior turnê que a banda já fez, passando até 2, 3 vezes por cidades onde costumavam tocar apenas uma vez nas turnês passadas, ou até cidades que jamais haviam se apresentado entre elas o Gama, citado na letra de “Boca de Lata”, e Sobradinho, cidade onde o Rodolfo nasceu (ambas no DF) . Em Manaus, bateram o recorde de público em um show do Raimundos: 25 mil presentes.
Só no Forévis foi um sucesso total com a vendagem de mais de 800 mil cópias, fora a pirataria e o roubo de 100 mil copias quando cd estava no caminhão.

O projeto do primeiro disco ao vivo da banda coincidiu com um novo projeto que a MTV estava planejando para o ano de 2000, o MTV Ao Vivo. Semelhante ao "Acústico MTV", o novo projeto consistiria em gravações de shows de bandas consagradas que viriam a se transformar em programa especial, CD e DVD. E a primeira banda escolhida foi então o Raimundos. A banda se encarregou de gravar o material em várias apresentações (2 shows em São Paulo, 1 em Goiânia, 1 em Sorocaba e mais 2 em Curitiba).
O repertório do álbum incluiu então 38 faixas ao vivo, a regravação de "20 e Poucos Anos" (apesar de inicialmente ter sido gravada exclusivamente para o programa, o público começou a pedir a música nas rádios), e também uma gravação inusitada da música "Reggae do Maneiro", feita no sound check antes do show em Curitiba, com a participação de 15 Integrantes do Fã Clube Oficial da banda – muitos de outros estados, que haviam ido para a cidade exclusivamente para assistir as gravações do álbum e acabaram recebendo este agradecimento especial da banda.
Lançado no final de outubro de 2000, o álbum "MTV ao Vivo Raimundos" foi bem recebido pelo público – os fãs mais antigos puderam finalmente ter o registro deste que é considerado há anos um dos melhores shows de rock do Brasil, e os novos fãs puderam conhecer a trajetória da banda desde o álbum de estréia – e emplacou três músicas de trabalho: "Deixa Eu Falar", "20 e Poucos Anos" e "Reggae do Manêro". O álbum também já ultrapassou as 800 mil cópias.

Em 2001, os Raimundos lançam “Éramos 4”, o sétimo disco da banda, logo após a saída do vocalista Rodolfo Abrantes. O repertório do disco é basicamente formado por covers da banda Ramones, executados em um show de aniversário da rádio paulista 89 FM, com a participação de Marky Ramone, ex-baterista do grupo Ramones. 
O disco ainda contém as canções “Nana Neném”, gravada para uma campanha publicitária das sandálias Rider (Grendene) em 1998; “Desculpe, Mas Eu Vou Chorar”, canção da dupla sertaneja Leandro & Leonardo, gravada em 1993; e “Sanidade”, canção que fazia parte da primeira fita demo da banda, porém, seria apenas registrada oito anos depois, tendo no vocal principal o guitarrista Digão. 
Apesar do leve sarcasmo, o título do CD (sátira ao título do romance Éramos Seis, da escritora Maria José Dupré) transmite certa nostalgia aos fãs da banda, abalados com a saída de Rodolfo, que converteu-se ao protestantismo.

“Kavookavala” é o oitavo disco de estúdio da banda Raimundos, lançado em 2002, com Digão assumindo o posto de vocalista, deixado por Rodolfo Abrantes. 
Foi gravado no Rio de Janeiro. Há participação do cantor Derrick Green, da banda Sepultura na canção Kavookavala. Foram gravados dois videoclipes, um para a canção Fique Fique e o outro para Joey.

“Pt Qq cOisAh” (ou ponto qualquer coisa) é um EP lançado somente na internet em 2005 pela banda Raimundos. Não houve nenhuma gravadora por trás da iniciativa, no entanto a atitude não teve nenhuma intenção de dispensar algum selo fonográfico. O objetivo foi apenas divulgar o trabalho por conta própria. Com “Pemba Talk”, o grupo apresenta letra pornográfica que sempre marcou os Raimundos e influência de duas bandas como System of a Down e Muse, como já comentou o guitarrista Marquinho. 
Na romântica “Sol e Lua”, a influência vem da banda Ramones devido ao típico quatro acordes usado pelos norte-americanos que sempre foram referência aos Raimundos. As vozes por trás que constantemente deram um toque melodioso ao som dos Raimundos desde o primeiro disco da banda também estão presentes no EP. “Macaxeira” é a música mais rápida, agressiva e frenética do EP, podendo lembrar o espírito mais direto do disco “Lapadas do Povo” com músicas como: “Ui, Ui, Ui”, “Crumis Ódamis” e “CC de Com Força”. 
                                      
Em 18 de dezembro de 2010, os Raimundos realizaram a gravação do seu CD/DVD “Roda Viva” no tradicional Kazebre Rock Bar. Para a gravação, compareceram cerca de 15 mil fãs. Além dos Raimundos, a casa também contou com shows das bandas Velhas Virgens e Dead Fish. O álbum e o DVD foram lançados em maio de 2011.
O CD começa com uma introdução em que um velho conhecido da banda – o sanfoneiro Zenilton – anuncia o grupo para o público; a faixa seguinte é do álbum “Kavookavala” (2002), “Fique Fique”; dando continuidade, temos a popular e clássica “Esporrei na Manivela” gravada em “Lavô Tá Novo” (1995); a quinta canção é a inédita “JAWS”; depois uma avalanche de hits da formação original dos Raimundos (Canisso, Digão, Rodolfo e Fred): “Marujo”, “Rapante”, “Opa Peraí Caceta”, “Pompem”, “O Pão da Minha Prima”, “Mulher de Fases”, “Palhas do Coqueiro” e “Bê a Bá”, todas cantadas pelo guitarrista e vocalista Digão e também pelo público; a 13ª música, “Macaxeira”, é a única do EP “Pq Qq cOisAh” (lê-se “ponto qualquer coisa”), lançado somente pela internet em 2005 pela banda; e, para finalizar a primeira parte, aparece “Pintando no Kombão”, do disco “Lavô Tá Novo”.
O CD 2 começa com “Aquela”, música presente no álbum “Só No Forévis” (1999) e que também foi trilha sonora da novela global Uga Uga; em sequência, mais três sucessos gravados originalmente na voz do ex-integrante Rodolfo “Rodox” Abrantes: “I Saw You Saying”, “Me Lambe” e “A Mais Pedida”, e antes de executarem a próxima canção, Digão faz um desabafo e a dedica ao público que “sempre acreditou nos Raimundos” e a banda manda bala com “Mas Vó”, de “Kavookavala”; para o deleite dos presentes no Kazebre mais clássicos da, digamos, primeira fase do grupo, “Reggae do Manero”, “Tora Tora” e, antes irem para o bis, “Eu Quero Ver O Oco”, a banda sai do palco para uma pausa e, na volta, executam “Deixa Eu Falar”, mais duas de “Kavookavala”  – a faixa-título e “Baixo Calão” – e, para fechar com chave de ouro. Digão convida o público: “vamos pro puteiro” e detonam com o maior clássico dos Raimundos, “Puteiro Em João Pessoa”.
Esse trabalho dos Raimundos é recomendado porque se trata de uma grande festa de uma importante banda do rock brasileiro, que influenciaram uma geração que hoje passa dos 25 anos. Ainda que muitos “acreditem” que a banda acabou com a saída de Rodolfo Abrantes, digo que eles estão enganados, porque Digão está dando conta do recado, Canisso está detonando em seu baixo, os demais integrantes – Marquim (guitarra) e Caio Cunha (bateria) – se mostram competentes. E é aquilo que eles dizem em um verso de “Marujo”, música do seu auto-intitulado trabalho de 1994: “… é por isso que os Raimundos nunca vai se acabar”. Pelo menos isso é que depender de mim, do público que esteve presente no Kazebre, dos apreciadores do verdadeiro rock (não entram neste contexto, os fãs de bandas pop conhecidos como “Happy Rock”) e, claro, dos fãs da banda.



SAÍDA DE RODOLFO E CANISSO:
Em junho de 2001 após uma longa conversa entre os integrantes, o Raimundos anuncia seu fim. O principal motivo foi a conversão ao evangelho de Rodolfo. Dois meses depois, Fred, Canisso e Digão resolvem retornar com a banda.
No mesmo ano, a banda lançou no lugar do cd de estúdio com inéditas lançou o CD "Éramos 4" com a faixa "Sanidade" originalmente gravada para a primeira fita demo de 1992. E gravada as pressas em agosto de 2001 para entrar no cd para mostrar a nova formação da Banda, as faixas " Desculpe mas eu vou chorar" registrada no projeto Cult Cover Demo, programa da rádio Cultura FM de Brasília em 1993, e " Nana Neném" que foi uma versão que a banda vez para um comercial da Rider, e registrada em single de 1998, também na voz do ex- vocalista Rodolfo que ainda aparece nas outras 10 faixas restantes que foram tiradas de um show que a banda fez no aniversário da rádio 89 FM em 2000, tocando músicas dos Ramones com a participação de Marky Ramone ( Baterista dos Ramones). Na turnê do CD “Éramos 4 " Entrou na Banda o guitarrista Marquinho (ex-Peter Perfeito)
No ano seguinte, em 2002 a banda lançou o CD "Kavookavala", que ao contrário dos cds antigos não foi trabalhado pela gravadora, não teve muita divulgação e teve uma venda inexpressiva, além da saída do baixista canisso membro da formação original da banda no começo da turnê ou fato que deixo a banda abalada, até mesmo porque tem gente que nem sabe que ele existe e a partir desse momento a banda entrou em crise com a gravadora Warner. Depois de um ano tentando se livrar da gravadora, a banda conseguiu se livrar dela em 2004.

SAÍDA DE FRED E ALF - RETORNO DE CANISSO E CHEGADA DE CAIO:
Em 2005 a banda volta à cena e com uma proposta inovadora! Independentes e com o baixista Alf, que é também vocalista do Rumbora completando a formação, a banda gravou uma demo com cinco músicas chamada . qQ cOisAh (Lê-se ponto qualquer coisa) o EP foi disponibilizado para download gratuito via o site da MTV, estima-se que o EP teve mais de 100 mil downloads, que é uma marca muito boa.
Depois de um longo período fora da mídia, desgastes e concertos cancelados, surge a necessidade dos integrantes seguirem suas carreiras com projetos paralelos. Digão e Denis Porto lançam o Denis & Digão pela Universal Music e o SuperGalo (Fred, Alf e inicialmente Marquim).
O tempo passou, e com ele vieram os choques de agenda, fato que ocasionou o retorno de Canisso, inicialmente apenas para um concerto. Fred, que já andava discordando musicalmente com Digão, resolveu sair da banda, já que tinha brigado com Canisso, que se torna fixo na banda novamente. Caio, baterista do Dr. Madeira, é chamado ao lugar de Fred. A banda voltou a fazer vários shows, lançou uma turnê em 2008, rotulada de "A volta de Canisso",continuaram fazendo shows de médio porte pelo Brasil inteiro, resgatando velhos fãs e conquistando a moçada mais jovem. Brasil inteiro, resgatando velhos fãs e conquistando a moçada mais jovem. Essa turnê consiguiu fazer a banda voltar à evidência. A principal aparição da banda, foi no Programa Altas Horas, em abril de 2008.
Para 2009, a banda já da pistas de que as "coisas" voltarão a dar certo para a banda, depois de talvez 7 anos longe da grande mídia, a banda se diz preparada para voltar a brilhar junto com os grandes nomes do rock mundial. "-Afinal, uma das bandas que mais fez sucesso nos anos 1990 e início dos anos 2000, jamais se acabaria aos poucos, pelo contrário, o tempo serviu para aprendermos a não dependermos 100% da mídia sacana!" – Afirma Digão, líder da banda desde 2001.
O ano de 2009 foi basicamente o ano de consolidar a formação, mostrar que o Raimundos esta com gás total e abrir portas em eventos, festivais e programas de TV.

A ENTRADA DE TICO SANTA CRUZ:
No começo de 2010, Tico santa Cruz, vocalista da banda Detonautas, assumiu os vocais do grupo por um certo período, em janeiro de 2010. Digão havia afirmado na época, que a mudança era temporária e seria só durante a turnê que começa em 2010. Houve uma apresentação na TV aberta, na emissora Globo, no reality show Big Brother Brasil.
Tico continuou a se apresentando com o Detonautas normalmente e a agenda das duas banda foi conciliada para que ele pudesse cantar.

ATUALMENTE:
No final do ano de 2012 os Raimundos voltam a gravar um clipe, da nova música JAWS, ficando entre os mais vistos nos canais especializados, mostrando que seu público volta a ser de uma grande banda nacional. No dia 18 dezembro de 2012 a banda, já sem o Tico Santa Cruz realizou a gravação do DVD Roda Viva no Kazebre Rock Bar, em são Paulo. Cerca de 15 mil pessoas compareceram a gravação que conta com cerca de 25 faixas que fizeram sucesso e com a música nova JAWS, além de contar com as participações das s Velhas Virgens e Dead Fish, o DVD Roda Viva foi lançado no dia 15 de julho de 2011 no Circo Voador no Rio de Janeiro em um show com a participação do Dead Fish.
No dia 26/05 o Raimundos lançou seu novo DVD no Opinião em Porto Alegre. No dia 14 de novembro de 2011, os Raimundos participaram do SWU Music & Arts Festival 2011, pois ocorreu uma votação pela internet no site do festival para a escolha de uma banda nacional e os Raimundos ficaram na frente na preferência do público.




Um comentário:

  1. Muito legal e bem feita as informações sobre uma das melhores bandas de rock brasileiras, meus parabéns.

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